Efeitos na saúde

A radiação eletromagnética não ionizante, embora não tenha energia suficiente para provocar uma ionização, é suscetível de induzir outros efeitos biológicos – produção de calor (efeitos térmicos), outras interações biológicas (efeitos não térmicos) e interferências com equipamentos médicos.

Os efeitos térmicos estão relacionados com o aumento da temperatura dos tecidos biológicos, consequente da energia das radiofrequências absorvida pela água contida nestes tecidos.

O aumento da produção de energia no organismo depende, fundamentalmente, de dois fatores:

1. Intensidade da radiação que penetrou no seu interior;

2. Capacidade do organismo em regular a temperatura, uma vez que este funciona como um termóstato.

Quando a temperatura do corpo se eleva, este aumento processar-se-á até atingir um patamar de equilíbrio com a capacidade de remover a temperatura em excesso.

Poderá verificar-se a ocorrência de efeitos fisiológicos como alterações nas funções cerebrais e neuromusculares, alterações hematológicas, reprodutivas e outras.

Uma das zonas do corpo humano termicamente mais vulnerável são os olhos, pelo facto de terem uma irrigação sanguínea reduzida e possuírem, assim, menos capacidade para remoção dos aumentos de temperatura, podendo conduzir à formação de cataratas em situações de exposição aguda, muito intensa.

Os efeitos não térmicos

O uso de sistemas de comunicações móveis, que nos expõem a radiações de reduzida intensidade, pode dar origem a efeitos não térmicos no nosso organismo

O organismo humano é sustentado por processos eletroquímicos de extrema sensibilidade e de diversos tipos, sendo cada um deles caracterizado pela sua frequência específica. Estas frequências têm valores próximos das frequências utilizadas nos sistemas de comunicações móveis. Em consequência, muitas das atividades elétricas e biológicas do organismo podem sofrer interferência, derivada das radiações utilizadas nas telecomunicações.

Os efeitos não térmicos dependem sempre das características do sujeito exposto. Assim, indivíduos expostos à mesma radiação podem ser afetados de forma diferente. Efetivamente, as crianças estão, em média, mais vulneráveis aos efeitos adversos na saúde do que os adultos.

Os estudos científicos efetuados para avaliação dos efeitos não térmicos, segundo a Direção Geral de Saúde, têm apresentado resultados controversos:

1. É difícil inferir para o ser humano os resultados obtidos em experiências com animais;

2. Muitos estudos apontam no sentido da ausência de efeitos não térmicos adversos para a saúde, ao passo que outros apontam nesse sentido;

3. Os estudos efetuados têm a dificuldade de não poderem ser comparados com estudos em populações que não estejam expostas a estas radiações, dado que no momento presente a grande maioria da população se encontra exposta;

4. Os estudos efetuados são produzidos em condições experimentais, com níveis de radiação mais intensos aos que existem na realidade;

5. A maioria dos estudos realizados não se tem baseado apenas nos efeitos de exposição a partir de uma antena, sendo efetuados essencialmente com base nas radiações emitidas por um telemóvel;

6. Apesar destas dificuldades, numerosos estudos têm sido desenvolvidos e estão em curso, podendo agrupar-se nas seguintes áreas principais:

a) Efeitos sobre a saúde em geral

b) Efeitos sobre o feto

c) Efeitos sobre a visão

d) Efeitos cancerígenos

e) Outros efeitos biológicos.

Face ao anteriormente exposto, conclui-se que são necessários resultados de novos estudos científicos, uma vez que ainda não se verifica qualquer correlação entre a exposição a CEM e o aparecimento de algumas doenças, embora o contrário também não esteja provado.

Interferências com equipamentos médicos

Tem-se verificado novas fontes responsáveis pelo aparecimento de interferências eletromagnéticas, que podem criar perturbações no funcionamento dos dispositivos médicos, tais como os telemóveis, os sistemas de transmissão de rádio e televisão, o serviço de rádio pessoal (banda do cidadão), entre outros.

Em termos práticos, é muito difícil ou mesmo impossível limitar a disseminação de novas tecnologias. Os próprios equipamentos médicos são responsáveis pela emissão de radiações eletromagnéticas que podem causar interferência com outros dispositivos.

Assim, é necessária a criação de mecanismos que garantam a “compatibilidade eletromagnética” dos dispositivos médicos, permitindo o seu correto funcionamento em ambientes adversos.

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